segunda-feira, abril 18, 2005

A morte saiu à rua

Canção dedicada ao pintor e militante comunista José Dias Coelho, assassinado à queima-roupa pela PIDE nas ruas de Lisboa!

É interessante ver como actualmente alguns supostos democratas estão interessados na ocultação dos nomes dos 3600 agentes da PIDE contidos num livro guardado pela Maçonaria.. É ainda mais interessante ouvir as pessoas ligadas à Maçonaria e que indicam que a lista contem o nome pessoas de vários quadrantes sociais incluindo, pasme-se (ou não), Padres...

Estamos a fazer 31 anos sobre a Revolução dos Cravos e muito está ainda por contar.. Quem são os interessados em esconder a Verdade?
O Povo tem o direito a saber quem foram aqueles que participaram e contribuiram para os 48 anos de Terror da Ditadura Fascista!

Nós não nos esquecemos!

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada à covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação

1972
José Afonso